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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Narrando São Paulo


Heliopolis
JOÃO PEREIRA COUTINHO

“... Em todas as cidades há vários homens. Essa, aliás, é a diferença entre a cidade e o campo. Amigos e nostálgicos não se cansam de me pregar as virtudes da ruralidade. A cidade é o inferno. Só o campo permite um regresso às nossas origens purificadas. Por vezes eu cedo e, após horas de viagem aos confins do mundo, chego ao meu destino: uma casa no meio do nada.”

“Alguém elogia a paisagem, o silêncio. A "paz", sempre a "paz". No fundo, a ausência de presença humana. Eu sorrio, concordo por gentileza e depois sinto a tristeza a descer sobre mim. O campo me deprime pela razão mais básica que existe: porque sou um homem de cidades. Sou um viciado no caos físico e metafísico que só uma cidade permite.
Gosto de Londres. Gosto de Nova York. Gosto de São Paulo...”

“... Apesar de tudo, eu aplaudo a ambição megalômana de Scudamore de tentar enfrentar e captar a complexidade de São Paulo como nenhum outro escritor que eu conheça. Scudamore desenha, em linguagem de uma precisão poética, a geografia física, caótica, profundamente estimulante, sensual e perigosa de São Paulo. Sem esquecer a geografia social e sentimental dos seres humanos que a povoam. As relações entre ricos e pobres.
Entre ricos e ricos. Entre pobres e pobres. Os códigos. Os silêncios. Os medos. Os tabus. Os clichês de comportamento e até de linguagem que são máscaras perfeitas para uma convivência urbana e teatral...”

Em coluna publicada ontem, dia 12/05/2009, no caderno Cotidiano no jornal Folha de São Paulo, João Pereira Coutinho resenha o livro “Heliopolis” de James Scudamore e comenta com admiração o desafio aceito pelo autor ao tentar narrar com riqueza de detalhes todos os pontos de São Paulo, que são caóticos, mas não deixam de ser apaixonantes. Note que os detalhes citados têm uma complexidade incrível capaz de provocar amor e ódio por esta megalópole.

Retirei deste texto os trechos que tratam de forma geral o encanto de uma cidade grande, destaquei as palavras que me arrepiaram, que causaram identificação imediata e que expuseram a paixão por uma cidade grande e movimentada, que possui transtornos e loucuras e, em contrapartida, há diversidade e a experiência única em estar em um lugar que é base econômica de um país.

Divido a sensação comum de “se eu pudesse viver em um lugar mais tranqüilo...” mas não posso e nem quero de fato. São Paulo tem uma mágica inigualável. Um país dentro de outro. Aqui se abriga a diversidade cultural e étnica; a variedade de profissões; todos os aspectos e níveis de cultura; tem periferia e centro; grandes bairros que, de tão grandes, são quase pequenas cidades. São Paulo tem alegria misturada ao estresse. Oferece a um cidadão tudo o que ele precisa para ficar aqui.

É triste ver que esse crescimento é desproporcional aos esforços empenhados pelo governo em mantê-la grande e prazerosa, falta empenho da população em tornar viável o convívio com as pessoas e aprender a respeitá-las, e o empenho de tantos outros em criticar sem fazer nada para que se torne um lugar melhor ou contribuir para destacar e aproveitar tudo que há de bom. As pessoas deveriam saber aproveitar São Paulo, a cidade é grande e tem muitas opções, mas prendem-se as mesmices. Criticar é mais fácil.

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